segunda-feira, 26 de março de 2012

Entrevista - Cássia Furtado



Cassia Cordeiro Furtado, 49 anos, Curso de Graduação em Biblioteconomia e Comunicação Social – UFMA, Especialização em Usuário –UFPB, Mestrado em Ciência da Informação-UNB e Doutoranda em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais – Universidade de Aveiro / Universidade do Porto, Portugal. Atuação e experiência profissional na área de Biblioteca Escolar, Leitura, Escrita, Tecnologia e Redes Sociais

# O que a levou a escolha da profissão de Bibliotecária?

Foi uma escolha complicada porque demorei a identificar-me com o curso e fiquei oscilando entre Biblioteconomia e Comunicação por algum tempo, até que optei em concluir primeiro Biblioteconomia e sempre tive atuação profissional nessa área.

# Como tem sido essa experiência?

Muito gratificante. Especialmente pela experiência como professora e como gestora das Bibliotecas Farol da Educação, onde pude colocar em prática minha paixão pela biblioteca escolar e planejar e desenvolver atividades de incentivo a leitura com crianças.

# Quais as mudanças relevantes na Biblioteconomia Brasileira em seu ponto de vista?

Considero que a profissão teve um crescimento em relação à valorização do profissional, assim como também desenvolvimento no campo científico.

# Qual a sua contribuição quanto cidadã bibliotecária e educadora, em agregar valores aos adultos sobre a importância da educação e a leitura infantil, nosso principal alvo?

Considero que o trabalho desenvolvido pela equipe, enquanto fui Coordenadora das Bibliotecas Farol da Educação, sensibilizou a comunidade da importância dos serviços de uma biblioteca escolar e, principalmente, a comunidade escolar (alunos e educadores) do potencial da biblioteca, desmistificando o paradigma arcaico que ainda ronda algumas bibliotecas escolares.

# Quanto a leitura infantil, você acredita que esse ainda seja um meio multifuncional para aproximar as crianças quanto ao conhecimento e romper discriminação social? Por quê?

Considero a literatura infantil um instrumento para produção, compreensão, crítica e emancipação dos dogmas da sociedade, ao proporcionar as crianças informação, conhecimento e, especialmente, entretenimento. Pondero que o principal papel da literatura infantil é proporcionar a construção interativa, visto que, ao suscitar o imaginário, as emoções, oportuniza o incentivo a criação, reflexão crítica e notadamente a produção.

# O que te diferencia de outros profissionais que trabalham com crianças?

O diferencial do trabalho do Bibliotecário com a leitura é que este profissional estabelece vínculo entre a leitura, público infantil e a instituição biblioteca. Especialmente a biblioteca escolar, onde o Bibliotecário deve ser o mediador da literatura infantil e liberar a leitura de ser vista, apenas, como instrumento pedagógico, o que subestima sua característica estética e seu valor criativo e imaginário.

# Hoje pra você quais os principais meios de incentivo a leitura infantil?

A literatura deve estar inserida no ambiente infantil, de modo a que  crianças e jovens sintam-se motivados a ter a literatura como opção para o tempo livre, ao lado da televisão, do cinema, dos jogos e do computador, dentre demais alternativas de lazer. Para tanto deve-se usar estratégias originais e inovadoras, com atividades lúdicas com o texto de literatura, incluindo aqui os recursos das tecnologias de informação e comunicação, que considero ser o principal instrumento hoje para incentivo ao livro infantil.

#  Em sua opinião o que deve ser feito para que as escolas publicas sejam realmente efetivas quanto a criação de bibliotecas escolares e propiciem as crianças um ambiente  educacional promissor?

As escolas públicas são carentes de toda infraestrutura possível para seu funcionamento a contento, salvo raras exceções. Não acredito que leis são suficientes para resolver problemas tão graves e emergenciais quanto os da Educação.  A biblioteca escolar não funciona no sistema público educacional brasileiro atual porque não existe espaço para ela, pois na cultura do livro texto e do professor transmissor de informação a biblioteca é desnecessária. Primeiro deve-se mudar o processo ensino aprendizagem, para então a biblioteca ser uma instituição necessária e eficiente.

# Na sua visão qual o principal problema que afasta as crianças brasileiras da leitura?

O brasileiro não tem cultura de povo leitor, as crianças, mesmos de classe econômica alta, não vivem em famílias leitoras, então torna-se um circulo vicioso e de difícil rompimento. E na escola, a literatura é transformada em atividade didática, restrita a frações de textos previamente escolhidos, confinada a normas e exercícios de vocabulário e gramática, reduzida ao currículo da disciplina de Português, com imposição dos temas, dos autores, do gênero, dentre outras.

# Qual seria a quantidade adequada de livros lidos por ano durante a infância, para que  caracteriza-se uma criança efetivamente leitora?

Não existe um padrão a ser seguido, o leitor é resultado de um somatório de fatores; culturais, sociais, educacionais e até econômicos, dentre outros.

# Pela sua experiência, como você avalia a  participação da família e da escola na formação de crianças leitoras?

A família é a primeira instituição formadora de leitores literários, considero até mais importante que a escola, visto que a leitura literária não pode ser ensinada e seu incentivo inclui participação em atividades da prática social e cultural. Na escola, envolvida com manuais escolares, currículo oficial, etc. a literatura perde vida.

 # Quais suas expectativas quanto a leitura para formação de leitores infantis no Brasil?

Quando o Brasil tornar-se um pais de leitores teremos leitores infantis!!!!

# Quais são seus futuros projetos que pretende desenvolver em benefícios da leitura infantil?

Faça parte da equipe do Projeto Biblon da Universidade de Aveiro, onde desenvolvemos uma plataforma na web, com livros infantis, visando à formação de rede social em torno da literatura, o Portal Biblon (Portal Biblon). A UFMA e a Universidade de Aveiro assinaram convênio com finalidade de cooperação científica, assim pretendo, quando retornar ao Maranhão continuar o trabalho desenvolvido junto ao Biblon, agora com as crianças maranhenses.

# Finalizando, cite uma frase que mostre o valor da leitura infantil?

A literatura infantil permite que as crianças tornem-se sujeito ativo na construção de seus conhecimentos e de sua cultura.







OBS.: O objetivo dessa pesquisa é  mostrar diferentes visões e contribuições sobre as práticas de leitura e educacionais desenvolvidas com e para crianças.
Agradecimento especial a professora Cássia Furtado por se mostrar sempre disposta a contribui conosco.

Por: Elana Pereira.

Um comentário :

  1. Bom dia Elana Pereira, antes de querermos produzir leitores de qualquer faixa etária, deve ser pensado na possibilidade de implantar uma política, voltada para a polidez cidadã. Proponho seja implantada uma polica: Educação Familiar, propus e sistematizei as idéias. Como mobilizador de funcionários públicos estaduas para participarem de cursos de performance adquiri experiência que se somaram a aoutras de que somos os adultos os educadores. Somos os espelhos da sociedade. Se não somos leitores como produzir leitores? Quando eu levava a proposta para os parasitas travestidos de funcionários, eles perguntavam não posso manda meu filho em meu lugar? Estou á sua disposição.
    Reinaldo Cantanhêde Lima
    Blog www.reinaldocantanhede.blogspot.com
    Email reinaldo.lima01@oi.com.br

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