quinta-feira, 11 de junho de 2015

Como um um professor incentiva a leitura, se ele não lê?


O Site Época no ano de 2012, trouxe uma reportagem com a socióloga Zoara Failla, na qual realizou uma pesquisa sobre os hábitos de leitura dos brasileiros e constatou indícios, pelos quais os professores não gostam de ler.

Na pesquisa a socióloga revela que os professores são um dos principais influenciadores nos hábitos de leitura dos brasileiros. Mas, há indícios de que, no seu tempo livre, eles raramente abrem um livro, assim como a maioria dos brasileiros. O dado está no livro Retratos da Leitura do Brasil 3, que foi lançado durante a Bienal do Livro de São Paulo, do mesmo ano.  A obra analisa a pesquisa de mesmo nome feita pelo Instituto Pró-Livro, sob sua própria organização.

Ela ressalta que a amostra de professores ouvidos em 2011 – apenas 145, entre cerca de 5.000 entrevistados de todo o Brasil – é pequena, mas o resultado surpreendeu. Apenas três docentes disseram que gostam de ler no tempo livre. Ao serem questionados sobre títulos preferidos, eles citaram os de autoajuda e religiosos. Ainda, que o que mais afasta os brasileiros da leitura não é o preço dos livros ou a dificuldade de acesso e, sim, a falta de interesse. Por isso, a atuação de bons “professores-leitores” é estratégica. “Se o professor for um bom ‘marketeiro’ dos livros, ele consegue despertar o interesse dos alunos”.

Em entre entrevista dada ao Site da Época, me chamaram atenção duas perguntas realizadas, confira o que ela responde sobre o incentivo a leitura!

ÉPOCA - O que afasta o professor da leitura?
Zoara
Temos problemas na formação desse professor. São as universidades. Quem está formando esse professor não está desenvolvendo esse interesse e apresentando a leitura não só como forma de atualização, mas como forma de lazer. Temos problemas também com tempo de trabalho. Muitos [professores] têm uma carga excessiva. Além disso, a maioria tem familiares de escolaridade não muito privilegiada. Há problemas de acesso. Boa parte das escolas tem bibliotecas, mas elas estão com acervos desatualizados, têm poucos livros. E, pelos salários baixos, os professores têm dificuldades para comprar obras. 

ÉPOCA - Por que mesmo crianças pequenas têm dito que não gostam de ler?
Zoara -
 A criança fica fascinada com contação de história, quer que repita a mesma história muitas vezes. Mas nós temos que desenvolver esse interesse. É preciso ler para criança, ler na frente dela, dar livros de presente. São formas de conquistá-la, de mostrar que a leitura tem valor. Será que alguém nasce gostando de futebol no Brasil? Gostam porque isso é valorizado. 

Pesquisando e trazendo pros dias atuais, a Revista Escola Publica, de Edição Nª44 Abril/Maio 2015, aborda dificuldades  que os professores possuem em criar e manter um hábito de leitura.

"Mesmo os professores de literatura e da área da língua portuguesa nem sempre são leitores bastante frequentes", diz Regina Zilberman, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadora nas áreas de literatura infantojuvenil e formação de leitores. "Eles têm uma intermitência de leituras por várias razões, que não são irrelevantes: falta de tempo, falta de oportunidade, uma má formação como leitor."

A dificuldade de acesso ao livro é para os professores, como para muitos brasileiros, uma questão permanente, como relata a Revista. As características do mercado livreiro, marcado pelas dificuldades de distribuição - como a falta de livrarias em muitos municípios - e o preço relativamente alto do livro, somam-se aos baixos salários docentes para colaborar com a multiplicação do professor não leitor, são alguns dos apontamentos dados para o distanciamento do professor com o livro.

Resultado de imagem para a leitura dos professores 2015Na perspectiva de incentivar os professores também a leitura, em algumas regiões do Brasil foram desenvolvidos neste ano alguns projetos, como na Paraíba, onde foi montado um grupo permanente de formação de mediadores de leitura, chamado Doutores da Educação. As formações, previstas no Plano Municipal do Livro e da Leitura, são realizadas a cada três meses com todos os professores da rede municipal. 

 Outro projeto de incentivo à leitura “Ler é uma Viagem” realizado em Maio, com oficinas de leitura e escrita criativa para professores da rede publica de Cabo Frio e Rio Bonito, na Região dos Lagos do Rio, a partir desse tema, em um ambiente de descontração e participação, que inclui sessões de leitura pública com música ao vivo, o projeto apresenta a leitura em diversos formatos, que vão além dos clássicos da literatura. A ideia é oferecer ferramentas aos professores para a produção de aulas dinâmicas e interativas, resgatando o prazer pela leitura nos alunos.

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