O Site Época no ano de
2012, trouxe uma reportagem com a socióloga Zoara Failla, na qual realizou uma
pesquisa sobre os hábitos de leitura dos brasileiros e constatou indícios,
pelos quais os professores não gostam de ler.
Na pesquisa a socióloga revela
que os professores são um dos principais influenciadores nos hábitos de leitura
dos brasileiros. Mas, há indícios de que, no seu tempo livre, eles raramente
abrem um livro, assim como a maioria dos brasileiros. O dado está no livro Retratos
da Leitura do Brasil 3, que foi lançado durante a Bienal do Livro de São
Paulo, do mesmo ano. A obra analisa a pesquisa de mesmo nome feita pelo
Instituto Pró-Livro, sob sua própria organização.
Ela ressalta que a amostra de
professores ouvidos em 2011 – apenas 145, entre cerca de 5.000 entrevistados de
todo o Brasil – é pequena, mas o resultado surpreendeu. Apenas três docentes
disseram que gostam de ler no tempo livre. Ao serem questionados sobre títulos
preferidos, eles citaram os de autoajuda e religiosos. Ainda, que o que mais afasta os brasileiros da leitura não é
o preço dos livros ou a dificuldade de acesso e, sim, a falta de interesse. Por
isso, a atuação de bons “professores-leitores” é estratégica. “Se o professor
for um bom ‘marketeiro’ dos livros, ele consegue despertar o interesse dos
alunos”.
Em entre entrevista dada ao
Site da Época, me chamaram atenção duas perguntas realizadas, confira o que ela
responde sobre o incentivo a leitura!
ÉPOCA - O que
afasta o professor da leitura?
Zoara - Temos problemas na formação desse professor. São as universidades. Quem está formando esse professor não está desenvolvendo esse interesse e apresentando a leitura não só como forma de atualização, mas como forma de lazer. Temos problemas também com tempo de trabalho. Muitos [professores] têm uma carga excessiva. Além disso, a maioria tem familiares de escolaridade não muito privilegiada. Há problemas de acesso. Boa parte das escolas tem bibliotecas, mas elas estão com acervos desatualizados, têm poucos livros. E, pelos salários baixos, os professores têm dificuldades para comprar obras.
Zoara - Temos problemas na formação desse professor. São as universidades. Quem está formando esse professor não está desenvolvendo esse interesse e apresentando a leitura não só como forma de atualização, mas como forma de lazer. Temos problemas também com tempo de trabalho. Muitos [professores] têm uma carga excessiva. Além disso, a maioria tem familiares de escolaridade não muito privilegiada. Há problemas de acesso. Boa parte das escolas tem bibliotecas, mas elas estão com acervos desatualizados, têm poucos livros. E, pelos salários baixos, os professores têm dificuldades para comprar obras.
ÉPOCA - Por que mesmo crianças pequenas têm dito que não
gostam de ler?
Zoara - A criança fica fascinada com contação de história, quer que repita a mesma história muitas vezes. Mas nós temos que desenvolver esse interesse. É preciso ler para criança, ler na frente dela, dar livros de presente. São formas de conquistá-la, de mostrar que a leitura tem valor. Será que alguém nasce gostando de futebol no Brasil? Gostam porque isso é valorizado.
Zoara - A criança fica fascinada com contação de história, quer que repita a mesma história muitas vezes. Mas nós temos que desenvolver esse interesse. É preciso ler para criança, ler na frente dela, dar livros de presente. São formas de conquistá-la, de mostrar que a leitura tem valor. Será que alguém nasce gostando de futebol no Brasil? Gostam porque isso é valorizado.
Pesquisando e
trazendo pros dias atuais, a Revista Escola Publica, de Edição Nª44 Abril/Maio 2015, aborda dificuldades
que os professores possuem em criar e manter um hábito de leitura.
"Mesmo os professores de
literatura e da área da língua portuguesa nem sempre são leitores bastante
frequentes", diz Regina Zilberman, professora da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadora nas áreas de literatura infantojuvenil
e formação de leitores. "Eles têm uma intermitência de leituras por várias
razões, que não são irrelevantes: falta de tempo, falta de oportunidade, uma má
formação como leitor."
A dificuldade de acesso ao
livro é para os professores, como para muitos brasileiros, uma questão
permanente, como relata a Revista. As características do mercado livreiro,
marcado pelas dificuldades de distribuição - como a falta de livrarias em
muitos municípios - e o preço relativamente alto do livro, somam-se aos baixos
salários docentes para colaborar com a multiplicação do professor não leitor,
são alguns dos apontamentos dados para o distanciamento do professor com o
livro.
Na perspectiva de incentivar
os professores também a leitura, em algumas regiões do Brasil foram desenvolvidos
neste ano alguns projetos, como na Paraíba, onde foi montado um grupo
permanente de formação de mediadores de leitura, chamado Doutores da Educação.
As formações, previstas no Plano Municipal do Livro e da Leitura, são
realizadas a cada três meses com todos os professores da rede municipal.
Outro projeto de incentivo à leitura “Ler é uma
Viagem” realizado em Maio, com oficinas de leitura e escrita criativa para
professores da rede publica de Cabo Frio e Rio Bonito, na
Região dos Lagos do Rio, a partir desse tema, em um ambiente de
descontração e participação, que inclui sessões de leitura pública com música
ao vivo, o projeto apresenta a leitura em diversos formatos, que vão além dos
clássicos da literatura. A ideia é oferecer ferramentas aos professores para a
produção de aulas dinâmicas e interativas, resgatando o prazer pela leitura nos
alunos.
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